quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A Midsummer Night's Dream - Benjamin Britten



“A Midsummer Night's Dream” ou “Sonho de Uma Noite de Verão” é uma ópera em três atos com música de Benjamin Britten e adaptada como um libreto pelo compositor Peter Pears do original de William Shakespeare. Estreou em 11 de junho de 1960, no Festival de Aldeburgh, dirigida pelo compositor. Estilisticamente, o trabalho é típico de Britten, com um som altamente individual, não surpreendentemente atonal ou dissonante, mas repleta de harmonias sutilmente atmosféricas. A ópera dá um destaque especial ao mundo das fadas e suas cenas são todas no bosque ao lado de Atenas, exceto a última. A música evolui em três níveis nitidamente diferenciados: o das fadas, o dos mortais (amantes) e dos artesãos.

Personagens:

Oberon – Rei das Fadas – contrateno

Tytania – Rainha das Fadas – soprano

Puck – Papel falado – acrobata

Teseu – Duque de Atenas – baixo

Hipólita – Rainha das Amazonas, noiva de Teseu – contralto

Lisandro – tenor

Demétrio – barítono

Hérmia – apaixonada por Lisandro – mezzo-soprano

Helena – apaixonada por Demétrio – soprano

Bottom – tecelão – Baixo-barítono

Quince – carpinteiro – baixo

Flute – fabricante de foles – tenor

Snug – marceneiro – baixo

Snout – funileiro – tenor

Starveling – alfaiate – barítono

Teia de Aranha, Flor de Ervilha, Semente de Mostarda, Mariposa – fadas – meninos sopranos

Coro de Fadas – sopranos ou meninos sopranos

Ato I

Numa noite de verão, num bosque ao lado de Atenas, as fadas aparecem divididas em dois grupos. Elas são súditas da rainha Tytania. Logo são interrompidas por Puck, servo do rei das fadas, Oberon, que anuncia que o rei e a rainha acabam de brigar por causa de um jovem pajem indiano. Os dois aparecem em plena discussão. Tytania se retira e Oberon, sozinho, planeja vigar-se. Ele convoca Puck e o manda colher uma erva, cujo sumo “deixará qualquer homem ou mulher loucamente apaixonados pela primeira criatura viva que encontrar”. Com seu plano encaminhado, Oberon se retira. Lisandro e Hérmia aparecem. Eles estão fugindo de Atenas para evitar o casamento de Hérmia com Demétrio. Há um belo duetto de amor. Os dois se retiram e Oberon retorna cheio de maquinações no coração. Entram Helena e Demétrio. Ela persegue o jovem ateniense implacavelmente mas esse só pensa em reencontrar sua noiva Hérmia. Helena canta um solo, revelando toda sua personalidade obstinada. Oberon que assite a tudo resolve ajudar a jovem. Chama Puck, que traz consigo a flor exigida pelo rei das fadas e a coloca aos seus pés. O rei canta uma bela ária exaltando os poderes da flor do amor.

Seis artesãos chegam cautelosamente ao silencioso bosque. Peter Quince faz a chamada e atribui a cada um seu papel na peça que vão ensaiar para as bodas do Duque de Atenas. Ele é frequentemente interrompido por Bottom. Este se oferece para representar ao mesmo tempo o Leão e Píramo, garantindo que sua interpretação arrancará do Duque um pedido de “novos rugidos”, mas Flute e os outros ponderam que as damas ficariam com medo. Todos prometem estudar seus papéis e deixam o bosque. Exaustos, Hérmia e Lisandro encontram um lugar para repousar, mas são descobertos por Puck, que os vê deitados e se engana, espremendo o suco da flor mágica nos olhos de Lisandro. Chegam Helena e Demétrio, ainda brigando e também a procura de um lugar para repousar. Demétrio, muito irritado, deixa Helena sozinha. Lisandro desperta e , dando com Helena, declara-se totalmente apaixonada por essa. Helena foge, seguida por Lisandro. Hérmia desperta e sai atrás de Lisandro.

Tytania retorna ao bosque com seu séquito de fadas e pede a elas que cantem para que possa dormir. Após a rainha adormecer, Oberon passa pelas sentinelas que zelam o sono de Tytania e espreme o suco mágico nos olhos da rainha.

Ato II

Tytania continua dormindo. Os seis artesãos se preparam para ensaiar num lugar muito próximo a rainha das fadas. Bottom aceita a sugestão de Quince: as senhoras não gostarão de um assassinato em cena nem dos rugidos de um leão – será necessário um prólogo para explicá-los. Quince por sua vez tem lá seus enigmas a resolver: como trazer o luar ao interior de um quarto. O ensaio tem início, tudo observado por Puck, que segue Bottom quando ele se retira. Puck traz Bottom de volta com uma cabeça de asno sobre os ombros. Todos saem correndo assustados. Bottom fica sozinho e canta para se alegrar. Tytania desperta e logo se apaixona pelo tecelão metamorfoseado. Ela exige de todo seu séquito obediência e respeito ao seu novo amor. A rainha canta para Botton dormir.

Um breve interlúdio traz ao palco Puck, seguido de Oberon, que exprime sua alegria ante as dificuldades de Tytania. Mas Puck se enganou a respeito dos atenienses, e já é evidente que há um mal entendido entre Demétrio e Hérmia. Puck é mandado à procura de Helena e Oberon espreme mais sumo nos olhos de Demétrio. Logo Puck retorna com Helena e Lisandro. Helena censura Demétrio por sua fidelidade a Hermia.Demétrio desperta e se prostra cheio de adoração a seus pés. O retorno de Hérmia complica ainda mais a situação, pois Helena a acusa de estar liderando uma conspiração contra ela. As duas brigam. Todos se retiram numa enorme confusão.

Oberon aparece puxando Puck pela orelha e queixando-se de sua incompetência. Ordena-lhe que organize de tal formas as idas e vindas de Lisandro e Demétrio que o empenho de ambos em se defrontarem os deixe exaustos. Puck cumpre as ordens, imitando a voz de um para iludir o outro. Os amantes, esgotados, adormecem novamente. As fadas vêm cantar uma benção e Puck espreme o sumo nos olhos de Lisandro.

Ato III

Tytania e Botton dormem no bosque, com os quatro amantes ligeiramente afastados. Satisfeito com o que vê, Oberon, tendo conseguido o pajem indiano que originou toda a confusão, prepara-se para desfazer “essa odiosa imperfeição dos olhos de Tytania”. Ela desperta, é liberada do feitiço e reconcilia-se com Oberon, que propõe unir os amantes numa boda que coincida com a do duque Teseu e de Hipólita. As fadas e seus reis saem e os jovens amantes despertam e também se reconciliam.

Todos saem. Bottom fica sozinho. Ele desperta e lembranças do que aconteceu passam por seu espírito. Ele acha que sonhou com mistérios para que possa compor uma balada para cantar ao final da peça que irá representar com seus amigos. Ele se afasta e seus amigos retornam, ainda não entendendo o seu desaparecimento.


Os programas com os trechos da ópera “Sonho de Uma Noite de Verão” irão ao ar na Radio WEB UniBrasil nos dias 03/10/09 e 10/10/09 às 20:00.


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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Grandes Compositores - Richard Strauss




Richard Georg Strauss
(Munique, 11 de junho de 1864 - Garmisch-Partenkirchen, 8 de setembro de 1949) foi um compositor e maestro alemão. Ele é considerado um dos mais destacados representantes da música entre o final da Era Romântica e o início da Idade Moderna.

O seu pai, Franz Strauss, era primeiro trompista da orquestra da Ópera de Munique, tendo participado da estréia de Tristão e Isolda e Die Meistersinger, sendo muito elogiado pelo próprio Wagner, que gostava de ouvi-lo tocar solos das partes de trompa de suas óperas e pediu-lhe que revisasse as partes desse instrumento na partitura de Siegfried. Ainda criança, Strauss estudou violino e harpa com membros dessa mesma orquestra, e antes de completar dez anos, já havia escrito uma serenata para instrumentos de sopro.

Em 1885 Richard Strauss tornou-se assistente do célebre regente Hans von Bülow em Meiningen e, um mês mais tarde, tornou-se regente titular daquela orquestra. Foi também diretor da Ópera de Weimar (1886), Berlim (1898), e Viena (1919-1924).
Em 1894 ele foi convidado por Cosima Wagner a reger Tannhäuser em Bayreuth, tornando-se amigo da viúva de Wagner.

Entre 1886 e 1898 Richard Strauss assombrou o mundo com uma série de poemas sinfônicos e sinfonias. Em 1893 ele se casou com a soprano Pauline de Ahna, a primeira a cantar o papel de Freihild em sua primeira ópera, Guntram. Mas quando ele conheceu o poeta Hugo von Hofmannsthal por volta de 1909, uma nova fase se abriu na produção musical de Richard Strauss, dedicada principalmente à ópera. Durante a Primeira Guerra Mundial Richard Strauss foi ardente partidário da dinastia dos Hohenzollern. Apesar disso, durante a década que se seguiu à derrota da Alemanha o músico foi acolhido internacionalmente com calor e respeito.

Em 1923 Richard Strauss esteve no Brasil, onde deu memoráveis concertos no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Após a subida ao poder de Hitler (1933), Richard Strauss aceitou ser nomeado diretor do Reichsmusikkammer (1934). Isso tem levado a suspeitas de simpatia com o nazismo, o que fez com que o compositor sofresse o desdém de outros músicos que protestaram veementemente contra o regime nazista, entre os quais Toscanini, Arthur Rubinstein e Otto Klemperer. Vale notar, porém, que Richard Strauss não era anti-semita. Isso pode ser provado pelo fato de ele ter colaborado com um escritor judeu, Stefan Zweig, autor do libreto de uma de suas óperas, Die Schweigsame Frau (Stefan Zweig se mudou para o Rio, onde cometeu suicídio), e pelo fato de que ele fez tudo para defender sua nora, que era judia. Após a derrota de Hitler em 1945 os Aliados instalaram na Alemanha um comitê de de-nazificação, e Richard Strauss foi chamado a depor, mas o tribunal o inocentou de qualquer filiação ao partido nazista. Convidado a reger seus concertos em Londres em 1947, foi recebido entusiasticamente.

Pouco depois Richard Strauss compôs sua última obra, Vier Letzte Lieder ("Quatro Últimas Canções"). Morreu pacificamente em sua casa em Garmish-Partenkirchen, a 8 de setembro de 1949.

Produção Operística

Como compositor de óperas, pode-se dizer que a maioria das óperas de Richard Strauss tem por título um nome de mulher e está centrada num personagem feminino. O mesmo acontece com Puccini, mas há uma diferença. As heroínas de Puccini são criaturas dóceis e submissas, inteiramente dedicadas aos seus amantes, a quem são fiéis até à morte, com excepção de Turandot. Já nas óperas de Richard Strauss há todo tipo de mulher: a revoltada como Elektra; a megera, protótipo da femme fatale (Salomè); a doçura, a sabedoria e a delicadeza da Marechala de Der Rosenkavalier; a mulher doente de amor (Ariadne auf Naxos); o bom gosto e o refinamento da Condessa Madeleine em Capriccio, incapaz de escolher entre um poeta e um músico - e Strauss aproveita para fazer a apologia da poesia e da música, as duas artes irmãs nesta ópera. Um subtítulo geral para as óperas de Richard Strauss poderia ser "a mulher no divã" ou psicanálise feminina. O poeta Hugo von Hofmannsthal, amigo do compositor, compartilhava dos mesmos gostos e das mesmas tendências, eis por que a colaboração entre os dois foi tão frutífera.

Musicalmente, Richard Strauss levou a atonalidade a paroxismos de histeria em Salomè e, principalmente, em Elektra, a mais atonal das partituras do compositor. No entanto, em Der Rosenkavalier, ele resolveu voltar atrás, misturando valsas e suaves melodias tonais com todo o arrojo das tendências musicais contemporâneas, e este foi mais ou menos o caminho que ele trilhou até o fim. Strauss nunca escondeu que seus compositores favoritos eram Wagner e Mozart, e de fato encontramos forte influência de ambos nas partituras de Richard Strauss, o que não impede que ele seja uma personalidade musical única.

Lista de Obras

Poemas sinfônicos

• Aus Italien (1886)
• Don Juan (1889)
• Morte e Transfiguração (1891)
• Also sprach Zarathustra (1891)
• Sinfonia Doméstica (1904)
• Uma Sinfonia Alpina (1915)

Óperas

• Guntram (1894)
• Feuersnot (O Juízo de Fogo) (1901)
• Salomè (1905)
• Elektra (1909)
• Der Rosenkavalier (O Cavaleiro da Rosa) (1911)
• Ariadne auf Naxos (Ariadne na Ilha de Naxos) (1912)
• Die Frau ohne Schatten (A Mulher sem Sombra) (1919)
• Die Ägyptische Helena (A Helena Egípcia) (1928)
• Arabella (1933)
• Die schweigsame Frau (A Mulher Silenciosa) (1935)
• Friedenstag (O Dia da Paz) (1938)
• Capriccio (1942)
• Die Liebe der Danae (Os Amores de Danae) (1952, a data da estréia póstuma)

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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A Importância de "Der Rosenkavalier" de Richard Strauss


Esta é a mais amada de todas as óperas de Richard Strauss. O papel da Marechala é cobiçadíssimo entre as sopranos, e não é difícil entender por que: em todo o repertório operístico existente, não existe nenhum papel feminino mais delicado, mais doce e mais gentil do que o da Marechala - a única rival dela é a Condessa de “Le Nozze di Figaro”. Várias sopranos construiram suas carreiras passando por um longo processo de maturação, cantando primeiro a ingênua Sophie, depois o impetuoso Octavian, e só mais tarde - a coroação - assumindo a dignidade da Marechala. Elisabeth Schwarzkopf, Maria Reining e Kiri Te Kanawa são algumas das que mais se destacaram nesse papel.

A similaridade entre os papéis da Condessa e o da Marechala já foi notada: no final de “As Bodas de Fígaro”, é o aparecimento da Condessa que traz absolvição a todos os presentes, inclusive ao marido mulherengo. E no final de “Der Rosenkavalier”, a Marechala aparece, e perdoa o Barão (de certa forma), absolve Octavian, e dá sua bênção à união dele com Sophie.

Outras similaridades que se pode notar entre “Figaro” e “Der Rosenkavalier”. Ao começar o primeiro ato de “Le Nozze”, Fígaro está medindo o chão do quarto com uma régua, para ver se nele cabe uma cama (é a véspera do casamento dele); ao abrir-se a cortina no primeiro ato de “Der Rosenkavalier”, Octavian está na cama com a Marechala. Há um papel-travesti em “Figaro”; em “Der Rosenkavalier” também. Mas o relato que o Barão faz de suas conquistas amorosas na sua visita à Marechala no primeiro ato lembra a ária do catálogo de Don Giovanni.
“Der Rosenkavalier” é a mais mozartiana das óperas de Richard Strauss, mas a linguagem musical é muito moderna. Strauss recheou a partitura de valsas, o que é um anacronismo: não existia valsa em Viena na época de Mozart, a valsa só foi inventada mais tarde. Há também o toque requintado de inserir uma ária italiana no seio de uma ópera alemã (“Di rigori armato”, que Strauss compôs para o primeiro ato).

A idéia wagneriana do “gesamtkunstwerk” (obra de arte total) encontra sua perfeita expressão na cena da apresentação da rosa, em que o teatro, a poesia e a música se unem num todo corpóreo que não admite mutilação. O que vemos e o que ouvimos, o brilho metálico da rosa nas mãos de Octavian e aqueles sons super-agudos, quase no limite das freqüências audíveis, produzem uma experiência sensorial singular, ao mesmo tempo que Sophie diz, cheirando a rosa: “Ela tem um forte cheiro de rosas, de verdadeiras rosas”. Octavian: “Sim, uma gota de óleo de rosas importado da Pérsia foi espargida sobre ela”. Sophie: “Como rosas celestes, não rosas da terra. Rosas sagradas, rosas do paraíso”. É claro que quem está sentado na platéia não sente o cheiro da rosa, mas pelo menos a referência poética fica.

O sucesso da ópera foi enorme. Logo após a estréia havia trens lotados de gente só para ir assistir “Der Rosenkavalier”. Historiadores da arte e da cultura viram nesta ópera, composta pouco antes da primeira guerra mundial, que varreria do mapa o Império Austro-Húngaro e muitas outras monarquias européias, o canto de cisne da aristocracia moribunda.

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Der Rosenkavalier - Richard Strauss


Der Rosenkavalier, O Cavaleiro da Rosa, é uma ópera alemã em três atos de Richard Strauss, com libreto de Hugo von Hofmannsthal. Estreou no Hofoper de Dresden, a 26 de janeiro de 1911. Esta talvez seja a ópera composta no século XX com o maior número de representações mundo afora. Entre as várias características de sua partitura uma das mais impressionantes é o tamanho da orquestra: 112 instrumentos.

Personagens:

A Marechala, Marie Thérèse, Princesa Werdenberg soprano

Octavian, Conde Rofrano soprano ou mezzo-soprano (papel-travesti)

Barão Ochs von Lerchenau baixo

Herr von Faninal, um rico burguês barítono

Sophie von Faninal, filha do mesmo soprano
Valzacchi, um espião italiano tenor
Annina, uma espiã italiana contralto

Um tenor italiano tenor
Um inspetor de polícia baixo
Muhammad, um negrinho não canta

A ação se passa em Viena, na época de Mozart e da imperatriz Maria Teresa.

Ato I

O boudoir da Marechala

Quando a cortina se ergue, a Marechala (esposa do Feldmarschall, um título de nobreza que se usava naquela época) está na cama com Octavian, os dois tendo atingido o orgasmo durante a abertura. Um pretinho, Muhammad, vem trazer o café da manhã, e os dois tomam seu desjejum ao som de uma graciosa melodia mozartiana na clarineta. Ficamos sabendo dos apelidos: ele a chama de Bichette, ela o chama de Quinquin. Ouve-se um barulho lá fora; uma voz masculina, grave e um pouco grosseira, esbraveja alguma coisa. Assustadíssima, Bichette geme: "É meu marido, Quinquin! Esconde-te dentro do armário!". Quando o homem bate à porta e pede para entrar ela reconhece que não se trata de seu marido, e sim de seu primo, o Barão Ochs. Este pergunta à Marechala se ela recebeu a carta. "Que carta?" pergunta ela. "A carta anunciando o meu noivado com Sophie von Faninal." "Ah sim, é verdade, a carta," responde a Marechala com um sorriso meio embaraçado. Octavian sai de dentro do armário vestido de mulher e é apresentado ao Barão como "Mariandel", a nova femme de chambre da Marechala. O Barão, que é uma espécie de Don Giovanni, só que mais velho e mais decadente, imediatamente põe o olho gordo em cima da garota. O velho libidinoso agora está cheio de dívidas, e por essa razão ele procura esse casamento de conveniência com a filha de um rico burguês, e é desse assunto que ele veio tratar com a Marechala. É costume da alta nobreza austríaca ofertar uma rosa de prata à noiva pouco antes do casamento. A rosa deve ser levada por um jovem nobre, encarregado dessa missão pelo noivo. Por essa razão, o Barão precisa da ajuda da Marechala. A Marechala sugere Octavian, agora disfarçado de "Mariandel".
Enquanto o Barão flerta com "Mariandel", um mordomo entra e anuncia à Marechala a chegada de uns visitantes para a audiência matinal. O apartamento da Marechala começa a se encher de gente; uns adoráveis orfãos vêm pedir uns donativos, e um tenor italiano canta uma ária para entreter os convidados, mas é rudemente interrompido pelo Barão, que quer discutir seus negócios com um advogado. "Mariandel" foge, e o Barão contrata dois espiões italianos que estão em busca de trabalho, Valzacchi e Annina, para irem atrás dela. Enquanto isso, um filho bastardo do Barão entrega à Marechala uma caixa de carvalho forrada de cetim e ornada de nenúfares e ninfas contendo a rosa de prata.
Deixada a sós, a Marechala reflete sobre o seu destino. É um dos momentos mais importantes da ópera, o famoso monólogo da Marechala. Diante do espelho, ela não pode deixar de observar os estragos que o tempo está fazendo sobre a sua beleza. Reflete que, cedo ou tarde, Octavian há de deixá-la por uma mulher mais jovem, e ela quer amenizar o impacto dessa perda.
Octavian entra, e encontra a Marechala um pouco mudada. Meio fria e distante, ela não está mais tão afetuosa como antes. Ele tenta abraçá-la, ela o repele, dizendo que se sente um pouco deprimida. Ela diz que vai à igreja, vai visitar um velho tio, e que amanhã se ele quiser poderá acompanhá-la a cavalo enquanto ela, em sua carruagem, faz um passeio pelo “Prater”. Octavian se retira, entristecido, sem entender direito o que está se passando no espírito da Marechala. Assim que ele sai, ela decide agir sabiamente: manda chamar o negrinho Muhammad, senta-se à escrivaninha, pega da sua pena de ganso, mergulha no seu tinteiro de cor violeta perfumada de jasmim, e redige uma mensagem a Octavian: Querido Conde Rofrano: Muhammad entregar-te-á com esta uma caixinha. Nela está a rosa de prata. Ofertá-la-ás à jovem Sophie, em nome do Barão, na casa de Herr von Faninal...

Ato 2

Um luxuoso salão na residência de Herr von Faninal

Esta cena, uma das mais famosas desta ópera, é chamada a “Apresentação da Rosa”. Sophie, com mordomos e alguns convidados, aguardam ansiosamente a chegada do cavalheiro da rosa. À chegada de Octavian ouvimos um “leitmotiv”, o tema da rosa de prata, um engenhoso efeito orquestral que Strauss consegue através do uso de celesta, harpas, três flautas e três violinos solo, e que é a contrapartida sonora do brilho metálico da rosa nas mãos de Octavian. Emocionadíssima, Sophie recebe a rosa das mãos de Octavian, que pronuncia as palavras que a cerimônia exige, e ela responde com o agradecimento de praxe. As palavras formais, contudo, mal conseguem disfarçar a transformação que se passa dentro dos dois: Octavian por um momento esquece a Marechala, enquanto que Sophie sente que este é o momento mais feliz da existência dela, sem que ela entenda por quê. A mágica se processa, e ao final da cena da apresentação da rosa Sophie e Octavian estão apaixonados um pelo outro. Eles conversam descontraidamente após a cerimônia, e Octavian fica surpreso ao saber que ela conhece o nome completo dele, que ela se deu ao trabalho de pesquisar num almanaque da nobreza austríaca: Octavian Maria Ehrenreich Bonaventura Fernand Hyacinth. "Nem eu conheço meu nome tão bem assim," ele ri. Ela também conhece o apelido dele: Quinquin. Octavian fica imaginado como ela descobriu isso.
O Barão chega, acompanhado de Herr von Faninal. Seus modos grosseiros, sua atitude arrogante, como se ele a tivesse comprado, e o que ela logo fica sabendo a respeito dele, a maneira como ele trata as mulheres, como se elas fossem pedaços de carne que existem apenas para satisfazer seus instintos bestiais, tudo isso gera em Sophie uma grande antipatia por esse que é para ser seu futuro marido. Há uma algazarra num salão contíguo; bêbados, os criados do Barão tentam agarrar as criadas de Faninal. Deixados a sós por um momento, Sophie e Octavian se beijam; Valzacchi e Annina os pegam no ato e vão contar ao Barão. Há uma briga entre o Barão e Octavian; desembainhando a espada, Octavian fere o Barão no braço e é expulso da casa por Faninal. Depois que o Barão toma um gole de vinho e se acalma um pouco, Annina vem lhe trazer uma mensagem: é um bilhete de "Mariandel" marcando um encontro para o dia seguinte. Todo contente, o Barão cantarola uma de suas valsas prediletas. Mas ele cometeu um erro fatal: ele se esqueceu de dar uma gorjeta a Annina.

Ato III

Um luxuoso hotel à beira da estrada, perto de Viena

No luxuosíssimo apartamento, com uma garrafa de champanhe já aberta, o Barão espera por "Mariandel", sem perceber que ele está caindo numa armadilha feita por Octavian, com a ajuda de Valzacchi e Annina, que ele subornou. Octavian está disfarçado de Mariandel. Ele mandou uma mensagem secreta a Faninal para que ele aparecesse na hora “h” e pegasse o Barão com a boca na botija. É o que acontece. Faninal, que até esse ponto dava todo apoio ao Barão, fica conhecendo então o verdadeiro caráter do homem, e não aprova mais o casamento de sua filha com tal cafajeste. Chega um inspetor de polícia, que está prestes a prender o Barão, pego em flagrante delito de sedução de menores. O que ninguém esperava, porém, é a súbita chegada da Marechala, que livra o Barão de uma fria, esclarecendo a verdadeira identidade de "Mariandel". Resta um ponto delicado, porém. Apaixonado por Sophie, que chegou junto com o pai, Octavian não sabe como explicar isso à Marechala. Ele tem medo de ferir aquele nobre coração. Com um sorriso, a Marechala deixa claro que ele não precisa explicar nada. Afinal de contas, foi ela que bolou a trama toda. Com graça mas com firmeza, ela diz a ele que fique com Sophie, e se retira graciosamente de cena.
Num suave delírio, Octavian e Sophie cantam seu dueto de amor, e vão saindo lentamente de cena, ao som do tema da rosa de prata. Sophie deixa cair o lencinho, que momentos mais tarde o pretinho Muhammad vem apanhar.

FIM DA ÓPERA

Algumas gravaçãoes disponíveis no mercado:

CD

EMI - Strauss - Der Rosenkavalier / Te Kanawa, von Otter, Hendricks, Rydl, Leech, Grundheber, Haitink by Richard Strauss, Bernard Haitink, Kiri Te Kanawa, and Anne Sofie von Otter (Audio CD - Oct 11, 1991)

EMI - Richard Strauss: Der Rosenkavalier by Richard Strauss, Herbert von Karajan, Philharmonia Orchestra of London, and Anny Felbermayer (Audio CD - Jan 16, 2007)

Sony - Strauss: Der Rosenkavalier (Complete) by Strauss, Ludwig, Popp, and Vpo (Audio CD - Aug 4, 2009)

Decca - Strauss - Der Rosenkavalier by Richard Strauss, Georg Solti, Vienna Philharmonic Orchestra, and Vienna State Opera Chorus (Audio CD - Sep 11, 2001)

Opera d’oro - Richard Strauss: Der Rosenkavalier by Richard Strauss, Carlos Kleiber, Bavarian State Opera Orchestra, and Albrecht Peter (Audio CD - Nov 14, 2006)

EMI - Richard Strauss: Der Rosenkavalier by Richard Strauss, Bernard Haitink, Dresden Staatskapelle, and Alfred Sramek (Audio CD - Oct 17, 2006)

EMI - Strauss - Der Rosenkavalier / Schwarzkopf · Ludwig · Karajan by Richard Strauss, Herbert von Karajan, Elisabeth Schwarzkopf, and Christa Ludwig (Audio CD - Sep 11, 2001)

EMI - R. Strauss: Der Rosenkavalier by Eberhard Wächter, Franz Bierbach, Harald Proglhoff, and Otto Edelmann (Audio CD - Oct 25, 1990)

EMI - Strauss - Der Rosenkavalier / Schwarzkopf, Ludwig, Stich-Randall, Endelmann, Wächter; Karajan by Richard Strauss, Herbert von Karajan, Elisabeth Schwarzkopf, and Christa Ludwig (Audio CD - Aug 13, 1996)

Deutsch Gramophon - Richard Strauss: Der Rosenkavalier by Gottfried Hornik, Kurt Moll, Victor von Halem, and Richard Strauss (Audio CD - Oct 25, 1990)

DVD

Richard Strauss - Der Rosenkavalier / Te Kanawa, Howells, Haugland, Bonney, Solti, Schlesinger (The Royal Opera House, Covent Garden) - Kiri Te Kanawa, Aage Haugland, Anne Howells, and Barbara Bonney (DVD - Jan 13, 2004)

Der Rosenkavalier - Strauss, Fleming, Koch, and Mnpo (DVD - Oct 6, 2009)

Richard Strauss - Der Rosenkavalier / Tomowa-Sintow, Baltsa, Perry, Moll, Herbert Von Karajan- Wiener Philharmoniker, Salzburg Opera - Richard Strauss (DVD - Mar 13, 2001)

Strauss - Der Rosenkavalier / Gwyneth Jones, Brigitte Fassbaender, Lucia Popp, Manfred Jungwirth, Benno Kusche, Carlos Kleiber, Munich Opera - Gwyneth Jones, Brigitte Fassbaender, and Manfred Jungwirth (DVD - Sep 13, 2005)

Richard Strauss - Der Rosenkavalier / Carlos Kleiber, Otto Schenk - Lott, von Otter, Bonney - Wiener Staatsoper - Felicity Lott, Kurt Moll, Anne Sofie von Otter, and Gottfried Hornik (DVD - Jun 19, 2001)

R. Strauss - Der Rosenkavalier / Stemme, Kasarova, Hartelius, Muff, Chuchrova, Groissbock, Gotzen, Vogel, Welser-Most, Zurich Opera - Nina Stemme, Vesselina Kasarova, Malin Hartelius, and Alfred Muff (DVD - April 12, 2005)

Strauss - Der Rosenkavalier - Adrianne Pieczonka, Angelika Kirchschlager, and Miah Persson (DVD - Oct 31, 2006)

R. Strauss - Der Rosenkavalier - Elisabeth Schwarzkopf, Sena Jurinac, and Anneliese Rothenberger (DVD)

Strauss: Der Rosenkavalier / Whitehouse, Komlosi, Rancatore, Williams, Pittman-Jennings, Neschling, Mossimo Theatre Orchestra, Palermo Opera - Richard Strauss, Elizabeth Whitehouse, Ildiko Komlosi, and Desiree Rancatore (DVD - Sep 28, 2004)


Os programas com os trechos da ópera "O Cavaleiro da Rosa" irão ao ar na Radio WEB UniBrasil nos dias 12/09/09 e 19/09/09 às 20:00.


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